Mesmo com o anúncio do pacote de estímulo e do novo regime tributário do setor automotivo, as montadoras instaladas no País cobraram ontem do governo uma solução para que os bancos acelerem os financiamentos de veículos à pessoa física. As medidas de incentivo à produção industrial anunciadas até o momento, na avaliação do presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, garantem o investimento de US$ 22 bilhões até 2015, mas a restrição ao crédito é uma preocupação do setor.
O presidente da entidade, acompanhado pelos colegas das montadoras e de empresas fabricantes de ônibus e caminhões, participou ontem de um novo encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na reunião, Belini fez um panorama da situação do setor no momento e tratou da regulamentação do novo regime, que permitirá uma redução de até 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir do próximo ano.
Ele chamou atenção do ministro para o fato de que o aumento da inadimplência fez com que os bancos ficassem mais cautelosos na concessão do crédito à pessoa física. A inadimplência nos financiamentos de veículos à pessoa física registrou um crescimento de 23% em 2011, após expansão de 49% no ano anterior, segundo números do Banco Central. “O governo disse que já está conversando com os bancos”, frisou Belini. “Essa situação deve se normalizar em breve”, acrescentou.
Na reunião, Mantega reconheceu que as instituições privadas estão mais defensivas para liberar o crédito, porém, reforçou que o governo tem adotado medidas para alavancar o crédito e promover a redução dos custos e, consequentemente, dos “spreads” bancários. O Banco do Brasil e a Caixa, por exemplo, reduziram recentemente as taxas de juros e a expectativa do governo é de que as instituições privadas façam o mesmo. O ministro não assumiu compromissos com novas medidas.
Além da preocupação com o crédito limitado, Belini classificou como positiva as medidas no âmbito do Plano Brasil Maior para estimular a renovação da frota de caminhões no país. “Precisa dar uma partida. A frota não está sendo renovada com a velocidade esperada”, disse. Segundo ele, isso ocorre porque os potenciais compradores de caminhões estão preocupados com a distribuição do diesel, ou seja, não há segurança de que haverá diesel suficiente para atender a demanda.
Belini disse que os incentivos concedidos pelo governo possibilitam que os investimentos, que estavam travados, deslanchem e atinjam a previsão, que está mantida, de US$ 22 bilhões até 2015. As montadoras tinham colocado o pé no freio e aguardavam as medidas do governo para decidir se manteriam ou reduziram suas estimativas de investimentos. Na avaliação de Belini, as montadoras e empresas de autopeças terão de fazer investimentos para conseguir cumprir os percentuais necessários de aplicações em tecnologia e utilização de produtos nacionais para conseguirem dedução de IPI. De forma geral, o presidente da Anfavea elogiou as medidas do pacote anunciado. “Os presidentes das montadoras estavam lá e não houve nenhum tipo de contestação.”
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